
Já deu seis hora.
Os passarinhos cantando lá fora e as gatas miam cá dentro.
Doces relógios rotineiros.
O dia será fresco!
O farfalhar da samambaia anuncia a brisa que começa a chegar.
Mas ainda não ouço a música.
O radio segue desligado.
Não tem cheiro de café. E ela ainda não me carinhou.
O que acontece?
Minha ancestralidade me mantém firme.
As folhas novas me deixam feliz. Mas o tempo já me desidrata.
Como é pesado o silencio!
Será que vou resistir?
Tenho medo!
Me acostumei mal.
Alegria vicia!
Ah! A porta se abriu!
Que tolo sou eu!
Me perdi na rotina.
Esqueci que de tudo e por tudo,
resta sempre uma esperança de poeta.
“Porque hoje é sábado”,
Há um pacová enternecido.
4 Comments
Adoro perceber como os barulhos da rua se repetem nos mesmos horários. As pessoas, os bichos. Que bonito ver isso em poesia e também ver na poesia que sempre pode acontecer algo inesperado.
Dos perigos do despertar pela manhã. Do susto de quem se fia na rotina. Da alegria e beleza dos gestos.
Sim, alegria vicia! Oh, vício danado de bom!!!!
Com esperança e a habitual virtuosidade, um brinde da Dora. E hoje nem é sábado!