
moro na selva de pedra:
um beija-flor aparece
na janela
na selva de pedra voa
um beija-flor à espreita
na janela
não tenho flor pra dar
ao beija-flor que quer
na selva de pedra beijar
não sei que flor vou dar
quais flores o beija-flor
deve gostar de beijar
preciso de uma delas
pra minha janela
na selva de pedra
*
a petúnia chegou
depois que o beija-flor
passou
na janela a tal petúnia
pintas brancas roxa única
espera
um beija-flor na selva
de pedra rede varanda
que queira
beijar a planta a flor
americana do sul
deseja
passarinho das américas
nessa janela da selva
de pedra onde eu estou.
8 Comments
Minimalismo de Palavras. Em minúsculas. Sopro de Poesia.
Sim, mínimas palavras quando tanto e sobre tudo já se disse.
Que lindo Carolina!
Delicado e intenso como a complexa simplicidade dessa flor que em um forma to quase infantil no seu desenho, exibe colorações e matizes expressionistas.
Pura luz, pura cor, pura poesia!
Obrigada, Dora!
“passarinho das américas
nessa janela da selva”
De repente vi uma não-cidade verdejante
Como um não-quadro que se aprofunda
Tem dimensões, umidade, perfume de flor
De repente vi um não-futuro que poderia ser
Que lindo comentário com um novo lindo poema 🙂
Carolina prosadora e poeta na selva do Rio de Janeiro, onde está com suas flores e pedras.. Gosto de ver a petúnia esperando por um beijo..Nem sabia que ela eram sul-americana,.
Quis dessa vez experimentar com a poesia, já que estava, como no seu texto, quase sem palavras.