
Tempestade vem depressa
Em seu azul acinzentado
Desaba sobre a terra seus alfanges
de búfalo feroz desafiado!
Corta o céu em lastros brilhantes
de nove partes e dois amores
Muda a direção do vento
Sopra a morte, vira o tempo
Nos diga como respirar
Depois, limpa o dia
Deixa o sol voltar vermelho
Cheio de fúria, ofuscante!
Rodopiante encarnada
Queima a pele de Ogum
Arde a alma de Xangô
Dança e grita ao som do ilú
Eparréi!
6 Comments
Seu poema é música e dança, muito movimento nas imagens e no ritmo. Daria uma boa música!
Ouvi forte os atabaques nessa dança sagrada que você escreveu na qual Iansã mostra a sua força de orixá guerreira e com igual intensidade a sua delicadeza de mulher vaidosa que sabe de seus encantos! Certamente os ventos dançaram durante tua escrita e contaram aos quatro cantos o presente lindo que Iansã recebeu em forma de poesia! Eparrey!
Os ciclos da existência – luz e sombra, vida e morte, força e ruína – e a possibilidade de compreensão e resiliência versados por meio do simbolismo das divindades criadas por nós, seres abandonados a própria sorte. Poema repleto de beleza e complexidade.
Poema vibrante, com a força de um mantra que atravessou o tempo e se revela nesse momento que vivemos…
“Muda a direção do vento
Sopra a morte, vira o tempo
Nos diga como respirar”
verdade. Representa o nosso momento tão complexo
A sua tempestade encarnada, Mônica, que “Muda a direção do vento
Sopra a morte, vira o tempo” é tão forte, vivaz, marcante, como as tempestades tropicais.