
Ontem me olhei no espelho
como a Dolores de Adélia me senti velha.
Senti o vazio deixado pela ausência das minhas luas.
Senti a saudade do tempo em que eu adivinhava!
Adivinhava adivinhações adivinhadas
de medos, vertigens, chegadas e beijos!
E o tempo me envolveu em uma conjugação de pretérito imperfeito
de quando eu olhava para os céus, buscava a cumplicidade da Lua
reconhecia nas constelações a dança dos Deuses,
e sorria ao vê-los me olhar
como em um batismo mágico, como quem unge a um igual.
Me sentia bruxa, me movia mulher, me mostrava menina,
Seguia me sonhando inteira, por entre estrelas e margaridas.
sem a preocupação de ser ou estar,
somente consciente de que eu dependia disso.
3 Comments
Lindo poema, Dora. Me identifiquei muito: “Me sentia bruxa, me movia mulher, me mostrava menina”.
Pelos nossos escritos, estamos procurando nossas luas perdidas. A primeira que encontrar, diz “achei!!!”. Mas bem alto!