Lia Cora
Passou a ser seu segredo. Trajeto para o mercado, ela dava um jeito de ficar ali parada, aproveitando o sinal fechado. Olhava disfarçadamente para o canteiro, com o coração aos pulos. Será que ainda estaria ali? Estava! Ficava encantada e tão feliz… Se alguém percebesse sua descoberta, ela já sabia o que aconteceria. Por isso passou até a sair de óculos escuros, para disfarçar melhor a direção do seu olhar. Lembrou da 1a vez. Caminhava rápido – tinha muitos afazeres. Represou a pressa e teve que parar junto à calçada porque o sinal fechara. Foi quando olhou pro lado e reparou que, naquele canteiro da Prefeitura, as plantas estavam muito crescidas e abundantes. Seu olhar percorreu a parte mais escondida, daquele emaranhado de arbustos. Havia tipo uma clareira, formando um espaço côncavo. Mais curiosa, vasculhou seu interior e ficou pasma com o que viu. E olhou logo para o outro lado, para não chamar atenção. Foi pra casa, pensando em como podia, naquele canteiro visivelmente abandonado – no meio da poluição e do trânsito da rua Voluntários da Pátria com a S.João Batista – como podia nascer ali uma …fruta do conde!
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