Angela Fleury
Nem sempre é fácil escrever. Mil ideias, mas todas se misturam, passam de um lado para o outro embaralhando a cabeça. É preciso focar, estar atento e forte, voltar para si mesmo. O que você estava mesmo pensando? O que você estava mesmo querendo dizer? Voltar e sair de si mesmo, voltar e sair, ir e voltar… Vamos lá. Foca.
O dia nem bem começou e já está prestes a acabar. São 6 horas já? Não acredito! O dia já acabou e eu não fiz nem metade do que eu estava querendo fazer. O tempo voa. Qual era mesmo o tema desse texto hoje? Política nacional, a meta fiscal, o novo feminismo, o terrorismo internacional, a questão do meio ambiente, o encontro de 150 lideres mundiais em Paris para discutir o aquecimento global? Nem sempre é fácil escrever, nem sempre é fácil viver.
Não! Para com isso, você não tem do que reclamar. Olha em volta e reconheça, aprecie e agradeça. Como diz aquele ator argentino maravilhoso, você toma um banho quente por dia, abre a torneira de manhã quando acorda e a água fresca desce cano abaixo, sua casa está em pé, a sua saúde em dia, o sol nasceu e a brisa entra leve e solta pela janela. Vai reclamar de que?
Reclamar da corrupção e da falta de solução para a desigualdade social? Reclamar da violência, dos ataques terroristas em Paris, do clima de bang bang generalizado? Onde está pior? No café de Paris ou na praia de Ipanema no fim de semana? No tiroteio no Colorado com 7 graus negativos ou no avião abatido no deserto do Sinai?
Ta difícil focar. Falar do que? Começar por onde? Pelo começo, claro. Mas será que não é melhor começar pelo fim? Embolou, embolou tudo. A cabeça roda, o coração dispara, a mente voa. Ta batendo no estomago como num soco. Perdi o rumo da prosa, perdi o fio da meada, esqueci o que eu ia dizer, não está mais aqui quem falou.
Agora é que são elas.
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