Sisuda e rígida. Coração de floresta morta. Rasgada, talhada, laminada, esculpida. Sobre mim, alguns se imaginam melhores que outros. Trabalham trabalhos que entendem superiores aos de outros. Absorvem ciência, cultura, arte, filosofia, que, fantasiam, os revestem de certa superioridade.
Por vezes sou lugar dos que sonham sonhos imensos, mas mantêm os planos em esboços e esquemas. Dos que metem os pés pelas mãos. Por vezes, sou a base sólida de grandes revoluções.
Mas eu lhes digo, posso ser só um esconderijo, um apoio para os fracos, um chão suspenso para os que não se firmam sobre os próprios pés.
Apesar dessa minha versatilidade, das longas pernas, eu sou a que fica, fica, fica sempre. Queria ir, mas desde que nasci, já tinha por destino raízes. Emudecida, contemplativa, inerte. Ai daqueles que podem ir, mas, debruçados sobre mim, ficam, ficam, ficam.
6 Comments
Me lembrei de uma professora de geografia que amava e que nos ensinou que a canoa é a não árvore. Nesse conto, a canoa e a árvore se misturam e ainda pensamos como sofrem mais são importantes aquelas pessoas que são os núcleos duros que sustentam todos os demais. Adorei.
“Coração de floresta morta… Por vezes sou lugar dos que sonham sonhos imensos”
Que outro lugar sonharíamos nossos sonhos se não em um coração. Duas imagens lindas, o coração da floresta morta sustentando sonhos. Que seria de nós se não fossem as palavras e que seria das palavras se não fossem as imagens que nós associamos a elas! Lindo!
“Queria ir, mas desde que nasci, já tinha por destino raízes”. Linda e forte metáfora sobre o que desejamos e o que vivemos, sonhos e circunstâncias. Ficar também é ir longe.
Fiquemos, pois, na base acolhedora, no coração da floresta mágica,. trabalhando, divagando, fazendo piquenique, pensando, abraçando nossas raízes. E há os não ficam. Minhas pernas, ai para que te queria, para que te quero? Agora, o jogo já foi feito. Já fui. Belo e rioco texto!
Fiquemos, pois, na base acolhedora, no coração da floresta mágica,. trabalhando, divagando, fazendo piquenique, pensando, abraçando nossas raízes. E há os não ficam. Minhas pernas, ai para que te queria, para que te quero? Agora, o jogo já foi feito. Já fui. Belo e rioco texto!
Quantas vezes fiquei e ainda fico esboçando planos sobre ela. Assim como ela, nesse momento me sinto inerte, mas minha mente caminha para longe, pulando obstáculos de angústias e desesperanças.