O café
servido no A Brasileira,
sempre quente, como se deve servir,
também,
o amor.
O tédio,
persistente como uma mão a regar o escuro.
Toda essa gente a sentar-se contigo,
imóvel, bronze
Incapaz de enxotar
pombos e gentes.
O Chiado te sabe.
Queria estar só.
O sei, como sei a mim.
Se tivéssemos, eu e você,
uma religião qualquer
Júpiter, jeová, a humanidade,
nossos corações de vidro pintado,
talvez,
estalados,
se espalhassem
ao vento.
Livres
do bronze
dos pombos
das gentes.
Mas
não entendemos
de fechar os olhos,
não aprendemos
a não pensar.
Persistimos em bronze
nós doix,
meu s chiado
de Brasileira,
do Rio,
no teu Chiado,
entre
café,
júpiter,
vento,
pombos,
e gentes.
Escrevinhadoras
- Angela Fleury
- Carolina Geaquinto
- Dora Machado
- Elaine Morais
- Eliana Gesteira
- ESCREVINHADORA CONVIDADA
- Escrevinhadora convidada: Júlia Alexim
- Escrevinhadora convidada: Luiza Monteiro
- Janaína Perotto: Escrevinhadora convidada
- Luiza Vianna – Escrevinhadora convidada
- Magaly Cunha Barroso
- Maria Júlia
- Mônica Lobo
- Uncategorized
- Vaneska Mello
Nuvem de temas
alteridade (5) amor (2) ana paula cruz (4) autoengano (4) botas (2) café (7) Comida (2) destruição e recriação (5) dialogo (5) elaine morais (3) elisa sharland (6) equilibrio (6) escrevinhadora convidada (39) escrevinhador convidado (8) exercício de fotografia (3) existirmos a que será que se destina? (5) Fé (7) gato (2) inez garcia (3) isolamento (5) Janela (4) jerusa nina (2) jurandir de oliveira (9) júlia v (7) Júpiter (7) lidia liacora (4) medida certa (3) memórias (4) objeto (3) palavras-palavras (5) palavras difíceis (7) primeira vez (5) Rubem Braga (3) sentimentos (2) sonia andrade (6) tema livre (8) Tempestade (2) texto a partir de poesia (3) trem (3) Vento (7) vestimenta (2) Viagem (6) vida (2) virginia woolf (4) é preciso (6)Meta
6 Comments
Lindo! Amo a poesia, e como ela nos possibilita quase realmente escrever sobre uma sensação. Senti algumas lendo a sua.
Um abraço,
Elaine
Me senti em Lisboa e depois no Rio com o jogo com a palavra Chiado. Lindo o uso de Júpiter como religião, como a habilidade de abandonar o concreto e sonhar .
Poema diálogo.
Com a estátua do poeta, a evidenciar a falta de sentido de uma existência sem pose que se perpetua na dureza do bronze.
E com o próprio Pessoa, cuja velha angústia, dele, de todos, leva a brasileira carioca a abrir os olhos e a pensar em como é viver nesse “estar entre” pessoano.
Poema cortante, quase transparente, a nos estalar como se fosse coração de vidro pintado.
Que lindas imagens, Vaneska. Fiquei emocionada com os corações de vidro, a matéria do corpo de bronze, as marcas da voz no sotaque.
Tive a impressão de uma conversa com o Fernando Pessoa…
Nosso chiado de carioca daquele Chiado cheio de fado faz feito vento que sai soprando entre os lábios luso-brasileiros! É um chiado como se pedisse silêncio ou como se o peito cheio de História povoasse de mundo esse ar que nos rodeia.
Muito original a sua poesia feita neste local tão especial, íntimo, popular, onde a estátua solitária do ilustre frequentador, visitada por pombos, turistas, desaviados, das gentes em bronze. Um achado este o da brasileira do Rio, adorei:
Persistimos em bronze
nós doix,
meu s chiado
de Brasileira,
do Rio,
no teu Chiado,
PARABÉNS!