
Abro a dispensa e condimentos, nada
Restam vestígios, metáforas carameladas
Umas às outras grudadas, solidificadas
Que para rimar, é uma jornada
Abro os livros, palavras sutilizam
Gêiseres letrados me embriagam
e cruelmente me abandonam
Folhas em branco me assombram
Abro as janelas e a luz desvanece
Céu opaco, sol não aquece, em prece
roga por nós, suspira e esmorece
Derrama-se em brejo em pleno agreste
Abro o coração e sentimento, chão
Rio em meus pés, choro em sua mão
que me afaga e fala sem razão
A vida é estada, é estrada, é verso em vão
4 Comments
Nada temos além das palavras que brincam com a gente assim como brincamos com ela. Muito boa a conclusão “A vida é estada, é estrada, é verso em vão”. Gostei que nossos dois poemas tratam daquilo que vemos: seriam imagens? seriam versos?
Muito o que refletir!
“Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras momentos”
https://www.youtube.com/watch?v=PdSaSQstP-M
Já cantava a Cássia Eller!
Poema visual, tátil, olfativo. Em rimas. Poema metapoema.