Um memorial de registro para que os torpes, os canalhas, os desprezíveis, os ordinários, nunca, nunca, nunca sejam tomados por bons ou necessários.
Um mural de desonra para os que fizeram do público, privado e da dor alheia, oportunidade. Para os negligentes com o que administraram por mandato e para os que assumiram encargos para os quais se sabiam incompetentes. Para os que se venderam por favas. Para os que, podendo, nada fizeram, ou fizeram menos que podiam.
Um mural de indignidade também para os que, de suas casas, não se importaram. Exigiram a continuidade dos pequenos privilégios pelos quais muitos pagaram com a vida. Para os que não estenderam a mão, ao menos, ao próximo próximo.
Um memorial, sobretudo, para os que fizeram da perversidade, método. Um tributo às avessas para que foram fundamentalmente maus, os que escarneceram. Malditos sejam os nomes dos que transformaram tragédia em catástrofe.
Sejam marcados a brasa. Tenham seus nomes em postes. Para que a poeira da história não os cubra, para que nunca, nunca, nunca mais, sejam tomados por bons ou necessários.
Imagem: We Are Making A New World (1918), de Paul Nash.
5 Comments
Enquanto esse memorial não surge, vamos registrando nossa indignação, nossa história, em nossos escritos.
Texto atual, contundente, um protesto conciso, direto, relativo ao mundo em que vivemos. Dentro e fora do país. Muito bom, Vaneska.
Seu relato é mais solidário do que o meu, limitado ás irritações do dia-a dia.( projecões de algo maior (quero crer).
Maria Júlia