Jurandir de Oliveira
A culpa foi dela. Da chuva!
Entrei por 5 minutos e quando sai, aquele temporal.Aqui no Panamá é assim. Seis meses de sol e seis meses de chuva. Estávamos nos seis de chuva,é verdade, mas o dia andava tão bonito que nem desconfiei, não como as outras vêzes que olho pro céu e aquelas nuvens negras, rondando. Fui só para comprar um chiclete, detesto almoçar e ficar com aquele gosto de comida na boca.Entrei na drugstore, só pra comprar o maldito chiclete. Eu já a tinha visto na fila. Impossivel que não, sou do tipo de casado que não busca encrenca mas quando ela saiu da fila, movendo-se daquele jeito, só um cego não olharia, cego ou coisa pior. Paguei com os 2 quarters que tinha no bolso, rapidinho,querendo voltar de uma vez pro escritório e só então percebi aquela
algazarra de gente entrando toda molhada. Havia um temporal la fora. Já a rua estava alagada. Sai e fiquei alí, debaixo da marquise da Arrocha olhando aquele caos. Chuva com vento e o calor e a humidade, tudo junto. Fiquei ali parado sem saber o que fazer. Os carros passando por via España e levantando aquelas ondas de agua suja que minguavam antes de chegar até onde eu estava, logo vinha outro carro e outra vez a mesma coisa. Meu auto do outro lado da rua e a chuva piorando. Foi então que eu percebi a sua presença. Na verdade foi o cheiro do cigarro, ex fumante fica com o nariz sensível pra caramba. Olhei para trás e era ela. Ela sorriu . Acho que fiz uma cara de malvado, e ela sorriu ainda mais. Foi ai que outro carro passou perto e me agarrou desprevenido, capaz que até fez de proposito o filho da puta. Me molhou todo. Respingou até na camisa. Agora o riso dela era de escárnio de ver a minha raiva. Se aproximou sedutoramente, me agarrou naqueles cinco minutos de idiotez, mulher é assim, um bicho ardiloso. Abriu a bolsa e tirou um lenço, como cheirava bem aquele lenço, me estendeu a mão e eu não ia fazer a desfeita de deixar ela com a mão estendida. Ao pegar o lenço a toquei de leve. Acho que naquele momento eu já estava no papo. Para encurtar a historia terminamos no motel. Mas antes, conversamos um bom bocado, ali mesmo , debaixo da marquise.
Me deixava doido o jeito dela de fumar e mexer o cabelo. Me contou que era secretaria bilingue e trabalhava ali perto na area bancária. Mas eu só podia pensar era em outra coisa. Apontou com o cigarro na mão os sapatos , razão de não querer arriscar-se no mas mínimo aguaceiro. Levantou um pouco um dos pés me mostrando a sola vermelha. -Custaram uma nota preta sabe? Presente de um amigo banqueiro. -Tão caro assim? Perguntei. -Uma nota! Respondeu. Ao elevar uma das pernas a mini saia subiu quase até aquele ponto. Eu suspirei querendo que essa chuva passasse rápido . No final de tanta conversa, eu já não era um ex fumante e a chuva foi embora igual que veio; de repente.
O nome dela é Ana.
Leave A Reply