Três ampolas em jatos
Vão investigar a fundo
Minha vida hematológica
Memórias vermelhas e brancas
Fraternidades e igualdades
presas em corredores contráteis
São diminutas as lembranças
As esferas nem são grãos
Mas de tantas que são
Me avolumam e enrubecem
Meu rosto Cora… coralina
Mesmo dos macrófagos
Glutões e vorazes
Comeram todas as visitas
Os escombros, os tetos desabando
Devoraram até minhas fragilidades
Verão rastros das minhas escolhas
Do meu inconsciente desgarrado
Que me lança em abismos sabidos
Marcando meu corpo por dentro
As raivas enraizadas no fígado
As mágoas fantasmagóricas
assombrando meu coração
Meus pavores renais filtrados
As partículas de pensamentos
Em perdurável peristalse
Minha vida impressa bestamente
Em celulose, tinta preta e números
12 Comments
A autora ao ver poesia no cotidiano e nas coisas banais nos brinda com um poema criativo e cheio de possibilidades.
Obrigada, Rejane! Seja bem-vinda sempre!
O poema começou devagar, como quem não quer nada, e foi crescendo em volume de palavras, referências e sensações. Um exame de sangue. Que extraordinário. Você retirou da pedra, a escrita, tudo que não era arte. Surgiu a poesia. Bonito e profundo.
E eu que achava que transformar o ordinário em arte era tarefa da crônica…rs. Meus exames de sangue daqui para frente serão só poesia, Mônica!
Nossos henatócritos e linfócitos também rimam! 😀
Obrigada pelo carinho!
Fico muito feliz com o comentário!
Até as coisas que parecem mais banais têm seus sentidos e profundidades. Prefiro pensar assim. A vida fica mais bonita!
Nesse caso, fui super influenciada pela ciência ocidental e oriental. As duas visões que se complementam nos enxergando como um todo absoluto!
Poesia é isso, transcender. Até a partir de um exame de sangue corriqueiro onde se revelam raivas enraizadas e pavores renais. De onde vem tanta originalidade? Publique, Mônica, logo, logo!