Enquanto a piscina se enche de horas
Aguardamos os galopes incendiários
das letras nuas em orgias fonéticas
Transbordando nossa espera líquida
Escorrendo versos entre nossos dedos
E os olhos gentis felizes a se refrescar…
As mãos dos poetas se encharcam
São emulsão de emoção e delírio
Criamos gravidade sobre o papel,
eloquência sobre a caneta e
sobre os teclados que tocamos
sem nos tocar
O amor da máquina não é recíproco
Quando o tempo não cabe em si
Somos seu sedento recipiente
Bebemos às bordas da sua prosa piscina
Suas carnes suculentas de paz
Defumadas e eternizadas ao sol
Quando o tempo é grande
Não temos medo da morte
O artista se alonga até longe
Suas mãos líquidas oceanam o fim
2 Comments
Acho que sim rs
Letras nuas em orgia fonética! Que lindeza de poema sobre a poesia, o poeta e a arte. Acho que se trata de metalinguagem na poesia rs.